Ecologia e Genética da Conservação de Meros (Ephinephelus itajara) (Serranidae: Epinephelinae)

Nome: JÚNIO DAMASCENO DE SOUZA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/05/2014
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MAURÍCIO HOSTIM SILVA Orientador

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MAURÍCIO HOSTIM SILVA Orientador

Resumo: Os peixes da subfamília Epinephelinae são estreitamente relacionados aos ambientes costeiros marinhos, especialmente habitats recifais. Dentre os Epinephelinae, os meros (Epinephelus itajara). Apresentam populações reduzidas pela pesca excessiva e tem sido seriamente ameaçado pela perda dos habitats de reprodução (recifes) e crescimento (manguezal), em todo seu limite de distribuição ao longo da costa tropical oeste do Atlântico. Filogeneticamente relacionadas a esta espécie encontram-se garoupas, badejos e chernes que atualmente são intensamente pescadas no Atlântico oeste e a espécie irmã E. quinquefasciatus do Pacífico Tropical Leste. A redução populacional das espécies trazem ameaças para conservação a longo prazo, devido a queda da capacidade reprodutiva pela captura seletiva de peixes de grande porte, perda da variabilidade e o fluxo genético que garantem a aptidão para adversidades ambientais e climáticas no tempo evolutivo.Apesar da legislação de proibição da pesca do mero em alguns países, a captura ilegal com a descaracterização morfológica é uma prática comum que dificulta ou impossibilita a identificação das espécies. A este respeito, técnicas moleculares têm fornecido ferramentas importantes para o monitoramento e fiscalização da pesca e se tornam essenciais na identificação forense de diversas espécies. O presente estudo investiga aspectos bioecológicos e genéticos dos meros visando adicionar informações para estratégias de conservação da espécie na costa brasileira. Como metas prioritárias foram desenvolvidas três linhas de pesquisa com a finalidade de determinar os aspectos biológicos e a freqüência sazonal dos meros juvenis em habitat de manguezal em ambiente tropical; caracterização genética populacional dos meros em seis localidades na costa brasileira (Pará, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina) pelos marcadores mitocondriais Cyt b e D-Loop, para avaliar os aspectos da diversidade, estrutura e fluxo genético das unidades populacionais e a elaboração de marcador molecular prático e de baixo custo para auxiliar na fiscalização e controle da pesca dos meros e outras oito espécies da subfamília Epinephelinae. O presente estudo identificou alta frequência de meros juvenis entre 100 e 300 mm, capturados ao longo de todos os meses do ano, com freqüência significativamente maior no período que compreende a estação quente e chuvosa no Brasil tropical e com tamanhos significativamente maiores no período de transição entre o fim do verão e início do inverno (estação fria e seca). Estudos comparativos de meros juvenis em outros ambientes subtropicais sugerem que os manguezais podem ser habitats berçário e essenciais para os primeiros estágios de vida da espécie. Os resultados da genética populacional indicaram moderada a alta diversidade haplotípica e baixa diversidade nucleotídica provavelmente associada à colonização recente, com grande número de haplótipos raros predominantemente com passos mutacionais únicos. Os dados não revelaram estruturação populacional, no entanto, variação genética significativa para ambos os marcadores foi encontrada entre as unidades populacionais da Bahia com Espírito Santo apesar da proximidade geográfica, indicando a presença de barreira para o fluxo genético. Variações genéticas significativas pelo marcador D-Loop foram observadas entre o Pará e a Bahia em relação a maior parte das unidades populacionais. Não houve correlação signficativa de divergências genéticas e a distância geográficaentre as unidades populacionais analisadas. O desenvolvimento de primers espécie-específicos, baseados no gene Citocromo Oxidase I
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(COI), aplicados em PCR-Multiplex possibilitaram a identificação simultânea de nove espécies da subfamília Epinephelinae: Epinephelus itajara, E. marginatus, E. morio, E. quinquefasciatus, Hyporthodus flavolimbatus, H. niveatus, Mycteroperca acutirostris, M. bonaci e M. microlepis. Esta técnica poderá servir para o controle da pesca comercial e a identificação precisa do alvo de pesca visando a conservação das espécies. Apesar da necessária prudência na manutenção da proibição da pesca dos meros na costa brasileira, esta medida se tornará ineficaz se os habitats de manguezal e a conectividade com habitats recifais dos ciclos de vida das espécies ameaçadas não forem recuperados e protegidos integralmente. A conservação dos meros (E. itajara), a longo prazo, dependerá dos esforços para garantir a estabilidade demográfica e os eventos de dispersão e conectividade entre as populações que mantêm a variabilidade genética da espécie.

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