IMPORTÂNCIA Ecológica do Caranguejo-uçá (ucides Cordatus) no Manguezal e a Influência de Fatores Bióticos e Abióticos no Seu Desenvolvimento Larval.

Nome: RODRIGO MATOS DE SOUZA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 22/05/2012
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ FERNANDO LOUREIRO FERNANDES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FERNANDO ARAUJO ABRUNHOSA Examinador Externo
LEVY DE CARVALHO GOMES Examinador Externo
LUIZ FERNANDO LOUREIRO FERNANDES Orientador
MAURÍCIO HOSTIM SILVA Examinador Interno
MÔNICA MARIA PEREIRA TOGNELLA Suplente Interno

Páginas

Resumo: O caranguejo-uçá Ucides cordatus é uma espécie com grande importância ecológica que participa do processo de ciclagem e retenção de nutrientes sendo considerado um importante link na cadeia alimentar do manguezal. Como principal consumidor de folhas de mangue, preferencialmente de Rizophorae mangle, deixa este material finamente fragmentado na forma de fezes que é propício ao consumo por detritívoros com manutenção, transformação e transferência de ácidos graxos provenientes das folhas, representando um importante componente energético e nutricional para a cadeia trófica de manguezal, com incorporação de PUFA e aumentando a colonização bacteriana nas folhas durante o processo digestório. Este perfil, bem como a quantidade de ácidos graxos superior nas folhas amarelas e marrons, pode justificar esta preferência do U. cordatus às folhas verdes reportada em outros trabalhos. Os ácidos graxos de cadeia longa em conjunto com outros lipídios presentes nas folhas, como os triterpenóides, podem ser usados para caracterizar e traçar matéria orgânica e cadeia trófica derivada de mangue. O caranguejo-uçá também é um importante recurso pesqueiro ao longo do litoral brasileiro que devido ao desrespeito à legislação e a Doença do caranguejo Letárgico foi caracterizada como espécie sobreexplotada, tendo sua população reduzida. Devido a sua importância, ações visando restabelecer estas populações estão sendo realizadas, dentre as quais se destaca o repovoamento, o qual consiste na produção de formas jovens em laboratório e a consequente liberação nas áreas afetadas. Para isto, é necessário melhorar e desenvolver tecnologias de larvicultura que é estruturada principalmente por pesquisas em técnicas de cultivo com ênfase em nutrição e doenças. As larviculturas de caranguejos são dependentes do fornecimento de alimento vivo, principalmente náuplios de Artemia, rotífero e microalgas de maneira individual ou em diferentes combinações, ou ainda com a eventual substituição por dieta inerte. A determinação na utilização destes itens alimentares está relacionada à facilidade em capturar a presa (que em larvas de U. cordatus está relacionada com a ineficiência da zoea 1 em ingerir os náuplios de Artemia), composição nutricional (principalmente de ácidos graxos), facilidade na produção, entre outros. A composição de ácidos graxos, que são relacionados ao aumento de desempenho no cultivo de caranguejos, foi similar entre o rotífero (Brachionus rotundiformis), náuplio de Artemia franciscana e a dieta inerte para camarão, com a ausência dos ácidos graxos altamente insaturados. Os resultados obtidos no presente trabalho indicam a importância da inserção dos rotíferos no início do desenvolvimento larval em conjunto com a artêmia e microalgas, o que resultou na sobrevivência de aproximadamente 50% das larvas e, se necessário, os rotíferos podem ser excluídos a partir de zoea 2. Quando em substituição aos rotíferos foi fornecida uma dieta inerte, esta resultou em baixa sobrevivência e aumento na duração do desenvolvimento larval, resultados que estão relacionados ao tamanho e padrão natatório dos rotíferos. Como forma de prevenir doenças na produção de larvas de U. cordatus, a aplicação de probióticos constituídos por Bacillus subtilis, B. licheniformis and B. pumilus resultou na redução de bactérias patogênicas do tipo Vibrio (que são reconhecidas por reduzir a sobrevivência em laboratório e transferir patógenos através de repovoamento) e, consequentemente, em um maior percentual de sobrevivência e metamorfose para megalopas, sendo uma opção de tratamento profilático na obtenção de larvas saudáveis e com qualidade. Entre os fatores abióticos, o fotoperíodo, que influencia no comportamento alimentar em larvas de decápodes, afetou a sobrevivência das larvas de caranguejo-uçá, onde a ausência de luz e a permanência constante de luz resultaram em sobrevivências inferiores quando comparadas ao fotoperíodo de 12h:12h (luz:escuro), mostrando que para se obter melhores resultados em larvicultura desta espécie, a presença de fotoperíodo luz:escuro é fundamental. Os resultados obtidos no desenvolvimento de tecnologias de cultivo em pequena escala do U. cordatus fornecem subsídios para a realização de cultivos massivos visando o repovoamento, bem como para corrigir eventuais problemas verificados em cultivos massivos em larga escala.

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