Registro Sedimentar Holocênico na Frente Deltaica do Rio Doce (ES): uma Visão Sedimentológica, Geoquímica e Mineralógica

Nome: RAYME LOUREIRO DOS SANTOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 22/08/2022
Orientador:

Nomeordem crescente Papel
ALEX CARDOSO BASTOS Orientador

Banca:

Nomeordem crescente Papel
KYSSYANNE SAMIHRA SANTOS OLIVEIRA Suplente Interno
JOSÉ ANTÔNIO BAPTISTA NETO Examinador Externo
FABIAN SÁ Examinador Interno
CAROLINE FIÓRIO GRILO Examinador Interno
CAIO VINICIUS GABRIG TURBAY Examinador Externo

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Resumo: O delta do Rio Doce é um sistema que se destaca em termos de carga sedimentar, a bacia hidrográfica adjacente é responsável pela maior descarga de sedimentos da costa leste brasileira. Na frente deltaica, objeto deste estudo, o regime fluvial e as forçantes marinhas exercem grande influência sob a distribuição dos materiais terrígenos. O principal objetivo desta tese foi investigar o registro da variabilidade espaço-temporal de processos sedimentares holocênicos a partir da aplicação de proxies granulométricos e geoquímicos. Também se preocupou em avaliar o grau de poluição associado aos depósitos sedimentares formados sob influência do lançamento dos rejeitos de minério de Fe, em novembro/2015. O trabalho baseou-se em 5 testemunhos de sondagem (com profundidade inferior a 1 metro) posicionados ao sul (RPS1-13,5; R3-15), em frente (R1-20) e ao norte (RPN1-13,5; RPN2-21) da foz do Rio Doce.
A análise granulométrica mostrou, através do método de granulometria x desvio padrão, que o testemunho localizado mais ao sul apresentou valores de desvio padrão mais baixos em comparação com os outros testemunhos, sendo RPS1-13,5 dominado por população fina (≤ silte médio). Essa característica reflete a deposição de lama terrígena ao sul da foz do Rio Doce. Considerando este padrão como um referencial, incrementos de população fina e grossa foram interpretados (juntamente com outros parâmetros) como maior influência do sistema fluvial (eventos de inundação) ou da dinâmica marinha (eventos de ondas de tempestade), respectivamente. O aumento de população grossa nos testemunhos posicionados ao norte também indicou que essa direção tem sido o principal destino de areias terrígenas, sobretudo quando ventos de sul predominam na plataforma.
Na abordagem geoquímica, o método análise fatorial múltipla (AFM)+clustering, envolvendo variáveis químicas e granulométricas, mostrou que alguns elementos químicos indicaram os mesmos processos sedimentares diagnosticados pela análise granulométrica. A AFM mostrou que argila, silte, Al e Pb representam a dimensão 1 (Dim 1), portanto, Al e Pb representam processos deposicionais assim como as frações lamosas. A análise de clustering, realizada a partir da projeção das amostras no plano formado pelas dimensões globais, possibilitou a identificação de grupos que podem ser correlacionados a diferentes processos sedimentares.
O grupo 1, que representa as concentrações de Ba e o conteúdo de areia, incluiu amostras principalmente arenosas, com percentuais mais elevados de areia média, grossa e muito grossa. Estas mesmas amostras (situadas desde a porção sul até o norte da plataforma) foram interpretadas na análise granulométrica como registro de eventos de tempestade induzidos por ventos do quadrante sul. Logo, o Ba também é indicativo de ocorrência destes episódios. O grupo 2, que representa Fe e Cr, é constituído principalmente por amostras silto-arenosas pertencentes aos testemunhos posicionados em frente e ao norte da desembocadura. Assim, considera-se que tais elementos são indicadores do transporte de sedimentos em direção ao norte. O grupo 3, representado pelas variáveis silte, argila, elementos terras raras, Al e Pb, incluiu principalmente amostras posicionadas ao sul e em frente à desembocadura, refletindo novamente processos de deposição da lama terrígena.
O principal sinal geoquímico associado ao evento de inundação, identificado pela análise granulométrica, foi a existência de anomalia mais positiva de Eu/Eu*, sugerindo a ocorrência de maior lixiviação continental.
O índice fator de enriquecimento (FE) indicou maior enriquecimento de Fe, Cr e Cu ao norte e de Mn e Zn ao sul e ao norte da foz. Análise mineralógica também indicou maior ocorrência de minerais ferrosos nestas duas porções da plataforma interna. A deposição de sedimentos nestas áreas é principalmente influenciada pelo volume de material trazido do rio e pelas condições meteoceanográficas vigentes. O FE indicou poluição moderada para Cr, Fe, Cu e Mn e poluição moderada a extrema para o Zn.

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