CARACTERIZAÇÃO DA PESCA E CONHECIMENTO DE PESCADORES ARTESANAIS SOBRE POPULAÇÕES DE TONINHA (PONTOPORIA BLAINVILLEI) NO SUDESTE E SUL DO BRASIL

Nome: SAMANTHA CHISTÉ DE ARAÚJO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 09/03/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
CAMILAH ANTUNES ZAPPES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
AGNALDO SILVA MARTINS Suplente Interno
ANA PAULA CAZERTA FARRO Examinador Interno
CAMILAH ANTUNES ZAPPES Orientador
SALVATORE SICILIANO Examinador Externo

Resumo: A toninha (Pontoporia blainvillei) é um pequeno cetáceo ameaçado de extinção no litoral sul americano devido à captura acidental por redes de emalhe utilizadas na pesca. As informações relacionadas à espécie e ao conhecimento ecológico local (CEL) de pescadores artesanais nos estados do Espírito Santo (ES) e Rio de Janeiro (RJ) no sudeste do Brasil; e estado do Paraná (PR) no sul do Brasil são escassas. No Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pequeno Cetáceo – Toninha – Pontoporia blainvillei 2010 é enfatizado a necessidade urgente em se obter dados sobre o CEL para estas áreas. Informações relacionadas à conservação obtidas pelo CEL de comunidades pesqueiras auxiliam na elaboração de atividades para o manejo pesqueiro, pois os atores locais conhecem todo o ambiente devido ao seu empirismo. Neste sentido, o objetivo deste estudo é descrever, avaliar e comparar o estado de conhecimento dos pescadores dos litorais sudeste e sul do Brasil em relação às interações entre a pesca artesanal e a toninha; além de identificar possíveis ameaças e as áreas de sobreposição entre a pesca artesanal e as populações da espécie nas áreas estudadas. As áreas selecionadas envolvem o norte do estado do ES [comunidades de Conceição da Barra (18º35’S; 39º 43’O); do distrito de Regência (19º 38’S, 39º 38’O), município de Linhares; e do distrito da Barra do Riacho (19º49’S, 40º16’O), município de Aracruz]; sul do estado do ES nos municípios de Piúma (20º50'S - 40º 43'O) e Anchieta (20º48'S - 40º38'O); norte do estado do RJ , na comunidade de Atafona, município de São João da Barra (21o37’S - 40o59’O); estado do PR nas comunidades da Ilha das Peças (25o27′S; 48o20′O) e Ilha de Superagui (25o28′S; 48o13′O), município de Guaraqueçaba. Para a obtenção dos dados foram utilizados os métodos etnográficos das observações participante e direta; diário de campo; e entrevista com o uso de questionário etnográfico e etnografia visual via prancha ilustrativa e mapa para indicação de rotas e áreas de pesca, áreas de captura acidental e de ocorrência da toninha. Para as análises foram utilizadas Análise de Discurso, Triangulação, estatística descritiva básica e Lógica Booleana/Clássica para identificar os pescadores que reconhecem a toninha como sendo da espécie P. blainvillei. O reconhecimento da espécie pelos pescadores ocorreu pelos critérios: 1) Coloração do animal; 2) Área de ocorrência; 3) Tamanho corporal e 4) identificação correta da foto da espécie na prancha, todos de acordo com informações da literatura. Dentre os entrevistados que identificaram a toninha como pertencente à espécie P. blainvillei (n = 95), 23 (25,5%) são do norte ES; 1 (1,6%) do sul ES (Anchieta); 20 (66,6%) do norte RJ e 51 (56,6%) do PR. Dentre os 235 pescadores que não identificam corretamente a espécie,120 atuam no hiato da sua distribuição. Os pescadores descreveram interações positivas (n= 15), negativas (n= 8) e neutras (n= 2) envolvendo a toninha e a pesca. Quando questionados especificamente sobre a captura acidental da espécie, 87,4% (n= 83) dos pescadores relataram sua ocorrência [norte ES (n= 23), sul ES (n= 1), norte RJ (n= 20) e PR (n= 39)], e a rede de emalhe foi citada como artefato de pesca responsável por este emalhe. Em relação às áreas de ocorrência indicadas pelos pescadores, elas coincidem com àquelas descritas no ‘Plano de Ação Nacional para Conservação da Toninha’, documento oficial do Governo Brasileiro e literatura da área científica. A partir da compreensão do saber local das comunidades estudadas definiu-se o status de necessidade da organização de atividades educativas relacionadas aos impactos da pesca sobre P. blainvillei. O reconhecimento desse status pode minimizar os efeitos das capturas, ou ao menos permitir a avaliação regular da taxa de mortalidade da espécie através dessas capturas. Apesar de poucos pescadores reconhecerem a toninha, a identificação das áreas de ocorrência da espécie, das interações com a pesca e das capturas acidentais indica o CEL como uma ferramenta para complementar dados sobre as populações de toninha nas áreas estudadas.

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